quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Clubes de futebol da cidade de Macaíba dos anos de 36 á 79.

     1936-Madureira Futebol Clube: Fundado em 1 de junho de 1936 no distrito de Mangabeira, que teve como um de seus criadores Tomás Aquinoentre outros desportistas.
     1937- Cruzeiro Futebol Club: Fundado em 8 de outubro de 1937.
     1944- Humaitá Futebol Clube: Surgiu em 1944, entre seus fundadores temos; Amâncio Leite Ramalho, Severino Correia entre outros.
     1946-Rio Branco Futebol Clube: Foi fundado em 10 de dezembro de 1946, por Manoel Domingos da Silva, Lauro Cabral, Valdomiro Vieira da Silva, José Félix Barbosa, José Damasceno de Lima entre outros.
      1960- Fluminense Futebol Clube: Fundado em 24 de junho de 1960, fundado por Geraldo Tavares da Silva e José Gomes da Silva.
     1961- Santa Cruz Futebol Clube- Fundado em 12 de outubro de 1961, teve como fundadores AEdgar Dantas, José Félix Barbosa, entre outros.
    1968-Verdes Mares Futebol Clube- Fundado em 1 de janeiro de 1979, teve como fundador Wilson Gonçalves Bezerra entre outros.
    1979- nasceu a Associação Esportiva e Cultura Olímpica: Fundado em 1 de janeiro de 1979, fundado por Wilson Gonçalves Bezerra entre outros.

                                                                                 Adriana Silva
                                                                          Graduada em História

terça-feira, 25 de junho de 2013

ALGUNS POEMAS DE AUTA DE SOUZA POR ADRIANA ALVES SILVA

A MINHA AVÓ
Minh’alma vai cantar, alma sagrada!
Raio de sol dos meus primeiros dias...
Gota de luz nas regiões sombrias
De minha vida triste e amargurada.

Minh’alma vai cantar, velhinha amada!
Rio onde correm minhas alegrias...
Anjo bendito que me refugias
Nas tuas asas contra a sina irada!

Minh’alma vai cantar... Transforma o seio
N’um cofre santo de carícias cheio,
Para este livro todo o meu tesouro...

Eu quero vê-lo, em desejada calma,
No rico santuário de tu’alma...
- Hóstia guardada n’um cibório de ouro! –

MEU PAI
Desce, meu Pai, a noite baixou mansa.
Nem uma nuvem se vê mais no céu:
Aninharam-se aqui no peito meu,
Onde, chorando, a negra dor descansa.

Quando morreste eu era bem criança,
Balbuciava, sim, o nome teu,
Mas d’este rosto santo que morreu
Já não conservo a mínima lembrança.

A noite é clara; e eu, aqui sentada,
Tenho medo da lua embalsamada,
Corta-me o frio a alma comovida.

Se lá no Céu teu coração padece,
Vem comigo rezar a mesma prece:
Tua bênção, meu pai, me dará vida!

Róseo Menino

Róseo menino
Feito de luz,
Lírio divino,
Santo Jesus!

Meu cravo olente,
Cor de marfim,
Pobre inocente,
Branco jasmim!

Entre as palhinhas,
Pequeno amor,
Das criancinhas
Tu és a flor.

Cabelo louro,
Olhos azuis...
És meu tesouro,
Manso Jesus!

Estrela pura,
Santo farol,
Flor de candura,
Raio de sol...

Dá-me a esperança
N’um teu olhar:
Loura criança,
Me ensina a amar.

Sonho formoso
Cheio de luz,
Jesus piedoso,
Meu bom Jesus...

Como eu te adoro,
Pequeno assim!
Jesus, eu choro,
Tem dó de mim.

No doce encanto
De um riso teu,
Jesus tão santo,
Leva-me ao Céu!

Em ti espero,
Mostra-me a luz...
Leva-me, eu quero
Ver-te Jesus!
ESTE ÚLTIMO POEMA FOI ESCRITO  EM MACAÍBA , NA NOITE DE NATAL DE 1806. 

ALGUNS POEMAS DE HENRIQUE CASTRICIANO DE SOUZA

Beijos
As vezes, penso comigo 
Que há beijos de toda cor; 
Beijos que trazem consigo 
Mil prisma, como o amor. 
Assim, o beijo de Judas 
Tem a cor da escuridão: 
Guarda o horror das trevas mudas 
E a negrura do carvão.

É negro, bem como a sombra 
É traiçoeira na alfombra.

Parte um noivo, que enlouquece 
Beijando a noiva, com pejo ... 
Não sei porque, mas parece 
Que é tão azul este beijo !

É azul porque a saudade 
Tem a cor da imensidade !

Na liça, o guerreiro bravo 
Vê cair o irmão exangue: 
Beija-o e foge, que é escravo ... 
Mas leva nos lábios sangue ...

Dado embora de joelho, 
Aquele beijo é vermelho.

Quando afago a minha filha 
E cinjo-a de encontro aos flancos, 
Seu rosto como que brilha ... 
Os beijos de mãe são brancos.

São brancos, bem como a lua 
É alva, quando flutua ...


Febre
Por toda a parte rosas brancas vejo... 
Rosas na fímbria loira dos Altares, 
Coroadas de amor e de desejo... 
Rosas no céu e rosas nos pomares. 
Uma roseira o mês de Maio.

Aos pares 
Surgem, da brisa ao tremulante arpejo, 
Estrelas que recordam, sobre os mares, 
Rosas envoltas num cerúleo beijo.

E quando Rosa, em cujo nome chora 
Esta febre cruel que me devora, 
De si me fala, em gargalhadas francas,


Muda-se em rosa a flor de meus martírios, 
O som de sua voz, a luz dos círios... 
O próprio Azul desfaz-se em rosas brancas.



Quando Nasceu


A Minha filha, como agora, eu penso,  
Era, quando nasceu,  
Um anjo de olhos cor do mar, suspenso  
De um sonho cor do céu.  
Hoje um mês completou. Lírios se abriam,  
Aos raios da manhã,  
E, abrindo as folhas, trêmulos, diziam:  
Nasceu-nos uma irmã.  
Movendo os negros cílios delicados,  
De miragens tão nus,  
Ela sentiu os olhos magoados  
Por um raio de luz.  
Então, chorou. Um prófugo vagido  
Do seio lhe saiu,  
Tão leve como o ar, mais tênue que o gemido  
Que um sorriso partiu ...  
Por que será que a lágrima primeiro  
Brilha nos olhos castos da criança,  
Antes que o riso, místico e fagueiro,  
Venha tecer-lhe um nimbo de esperança ?  
   
Por que a dor nesta penumbra santa  
Do poema da vida, no universo,  
É a primeira estrofe que se canta  
E sempre, e sempre ... o derradeiro verso?  
Na gaze envolta de infinita mágoa,  
Na solidão do luto e da saudade,  
Dir-se-ia a terra, pobre gota de água  
A boiar ... a boiar ... na imensidade!  
De minha filha a lágrima bendita  
Está no céu ... ai! quando quero vê-la,  
Contemplo o azul da abobada infinita,  
E vejo-a transformada numa estrela.  
Porque-bem sei que Deus recolhe o pranto  
Da criancinha escrava do martírio:  
Guarda-o depois, em cofres de amianto,  
Mudado em astro ou transformado em lírio.  
Se esta verdade uma mentira fosse,  
Nossa Senhora não viria à terra,  
Trazer, num beijo cristalino e doce,  
Toda a inocência que a criança encerra.  
...........................................................................  
...........................................................................  
Que seria, do céu, loiro e divino,  
Sempre queimado pela luz do sol ?  
Basta a mãozinha branca de um menino  
Para extinguir o incêndio do arrebol !

POEMA A LÁGRIMA SEM FIM DE HENRIQUE CASTRICIANO DE SOUZA POR ADRIANA ALVES SILVA

     AOS VINTE ANOS DE IDADE, HENRIQUE CASTRICIANO DE SOUZA EM BUSCA DE MELHORES ARES PARA CUIDAR DE SUA SAÚDE. VAI PARA MARTINS, E  NA CASA DE PEDRA ENCANTA- SE COM UM FILETE D' ÁGUA QUE DE FORMA PERENE CAÍA DE UMA ROCHA E ESCREVEU NO DIA 29 DE JANEIRO DE 1895 OS SEGUINTES VERSOS.

A lágrima sem fim

A lágrima pesada que eternamente cai do alto desta gruta
representa algum'alma estranha e solada
que mora a soluçar dentro desta rocha bruta
E a alma quem será?
Não sei mistério fundo
Entretanto eu pressinto alguem que se debruça e me diz
Num gemido profundo: Existe um coração de pedra que soluça!


ADRIANA ALVES SILVA
GRADUADA EM HISTÓRIA


segunda-feira, 17 de junho de 2013

Cordelista macaibense por Adriana Alves Silva

Francisco Queiroz da Silva
Chico Pombinha
Imagem:Hailtonmangabeira.blogpost.com
 
 Francisco Queiroz da Silva, conhecido como Chico Pombinha, nasceu em Macaíba no dia 28 de outubro de 1951, filho de Antônio Queiroz da Silva e Julieta Queiroz da Silva casado com Lúcia, com quem tem três filhos.
     Foi funcionário público durante 12 anos na Escola Estadual Alfredo Mesquita Filho, atualmente é comerciante de Macaíba.
    Tem como passatempo escrever Literatura de Cordel. 


Maria Luzinente
Imagem: cerublog.blogpost.com

Maria Luzinete Dantas Lima, nascida em Macaíba, RN, em 15 de fevereiro de 1961, licenciada em História pela Universidade Potiguar e professora da rede Estadual, onde começou a lecionar na Escola Estadual Henrique Castriciano de Souza e Atualmente está lecionando na Escola Estadual Dr. Severiano além de ensinar também na rede Municipal de ensino da cidade de  Macaíba.Alguns dos cordeis que Luzinente escreveu foram: ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL EM LINGUAGEM POPULAR, LEI 10.639/03, HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA, AFRICANA E HISTÓRIA DE NÓS MESMOS, ENTRE OUTROS.

Hailton Mangabeira
Imagem: hailtonmangabeira

Hailton Alves Ferreira nasceu em Macaíba no dia 9 de janeiro de 1973 é o filho mais novo de Manoel Francisco Ferreira (seu Néo) e de Josefa Alves de Medeiros Ferreira ( Dona Zefinha). Graduado em educação, ensina em São Gonçalo do Amarante e em Macaíba. Entre os inumeros cordeis que escreveu estão: MACAÍBA, MANANCIAL DE NOBREZA, AUTA DE SOUZA, CASARÃO DOS GUARAPES, TAVARES DE LYRA, ALBERTO MARANHÃO, ESCOLA DOMÉSTICA, ENTRE OUTROS.



Galdino Vieira de Azevero
Galdino Vieira de Azevedo, nasceu no dia 27 de fevereiro de 1955, em um dia de domingo ás 22 horas, na cidade de Macaíba, filho de Elias Vieira de Melo e de Jovelina Vieira de Azevedo, fruto desse casamento nasceram 16 filhos, ( contando com Galdino). seus padrinhos de batismo são Euclides Ribeiro Leite, Antonia Vieira Leite e Rejane Holanda, foi batizado pelo vigário Xacon, seu padrinho de crisma Antonio Mumbaça. Escreveu o cordel HÁ MAIS DE MEIO SÉCULO, ELIAS E jOVELINA 12/1954. VEZ UM CORDEL EM CONJUNTO COM JANDIRA DA SILVA FREIRE, JOELSON GUEDES DA FONSECA, MARIA DE FÁTIMA COSTA ELIAS, ISAÍAS DE MEDEIROS E CLÁUDIA NOGUEIRA DE SOUZA RIBEIRO. DE NOME MACAÍBA E SUA POETISA " AUTA DE SOUZA". ENTRE OUTROS.


Adriana Alves Silva
Graduada em História

TUMULO DE AUGUSTO SEVERO POR ADRIANA ALVES SILVA


Túmulo de Augusto Severo no Rio de Janeiro
Imagem: livro o pioneiro esquecido


     O túmulo de Augusto Severo tem um formato quadrado em mármore, com um desenho do dirigivel  PAX e uma âncora, homenagem que a Marinha de Guerra prestou a este que foi um deputado defensor de sua causa. Perto da base do túmulo lemos a seguinte inscrição " sidera vincere conatus vincit mortem" que significa " Tendo se esforçado para vencer os astros venceu a morte". Os restos Mortais de Augusto Severo estão no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro. Onde espera a volta tão saudosa para a sua terra Natal. Macaíba que é o seu lugar de direito. 



Adriana Alves Silva
Graduada em História  



Aspectos Hidricos da cidade de Macaíba por Adriana Alves Silva

                                                 Aspectos Hidricos da cidade de Macaíba

    Os recursos hídricos da cidade de Macaíba são composto pelo Aquífero Barreiras que apresenta- se confinado, semiconfinados e livres em algumas áreas  e os poços construídos mostram capacidade máximas de vazão, variando entre 5 a 10m³/h, com águas de excelente qualidade, com baixos teores de sódio, podendo ser utilizada praticamente para todos os fins; pelo Aquífero Aluvião que apresenta-se disperso, sendo construído pelos sedimentos geralmente arenosos depositados nos leitos e terraços dos rios e riachos de maior porte, e esse depósitos caracterizam-se pela alta permeabilidade, boas condições de realimentação e uma profundidade média em torno de 7 metros.
     Esse potencial hidrico do Municipio pertence as bacias Potengi e Pirangi. Os principais rios são: O Rio Grande e o Jundiaí, com os riachos de Lamarão, Água Vermelha, Taborda e do Sangue, e as Lagoas dos Cavalos, Grande, do Sítio e do Liama. Existem 03 açudes públicos: Bêbados, Cana Brava e Jambeiro, Além de 08 particulares, com capacidade de acumulação de 1.702.550m³.


Adriana Alves Silva
Graduada em História

Aspectos Territóriais e geograficos da cidade de Macaíba por Adriana Alves Silva

                                             Aspecto Territórial e Geográficos


  Os limites geográficos do Municipio são:
Ao Norte com os munícipios de Natal: São Gonçalo do Amarante.
Ao Sul com o munícipios de Vera Cruz, São José de Mipibú.
A leste com o Município de Parnamirim.
A Oeste com os municipios de São Pedro, Bom Jesus e Ielmo Marinho.
    O clima é úmido, sub- úmido e semi- árido a oeste, com temperatura média anual de 27,1°c. A umidade relativa do ar média anual é de 76%.
   A vegetação é formada por Floresta Subcaducifólia que se caracteriza pela queda das folhas das árvores durante o período seco e por Manguezal, sistema ecológico costeiro tropical dominado por espécies vegetais- mangues e animais típicos aos quais se associam outras plantas e animais, adaptados a um solo periodicamente inundado pelas marés, com grande variação de salinidade.
    Os solos predonimantes são: o Podzólico Vermelho Amarelo Abrúptico Plinthivo de fertilidade natural baixa, textura média, relevo plano, moderada a imperfeitamente drenados e profundos e o Latossolo Vermelho Amarelo Distrófico, com fertilidade natural baixa, textura média, relevo plano, fortemente drenado, muito profundos e porosos.
   O relevo apresenta-se a uma altitude de menos de 100 metros.
   O aspecto geológico, o municipio abrange terrenos pertencentes ao Embassamento Cristalino, de Idade Pré- Cambriana média( 1100-2500 milhões de anos), a Oeste da faixa de contato entre as unidades e é caracterizado por migmatitos, gnaisses, xistos, anfibolitos e granitos, e o grupo Barreiras, de idade terciária ( 7 milhões de anos), situados a leste, caracterizado por areias, arenitos, conglomerados e silitos. 



Adriana Alves Silva
Graduada em História

Augusto Severo nos arquivos franceses pesquisa de Laura Ciarline


                        Augusto Severo nos arquivos franceses: nota preliminar

Boa Sorte!

-           Por quê? O Pax é robusto e fiel. E mais, eu sou fatalista, e se esta escrito que eu devo morrer hoje, eu morrerei, voilà tout!  (...)

(Le Figaro, 13 de maio 1902)



E assim foi dito, de maneira leve, mas com ares de profecia, naquele dia 12 de maio de 1902, uma manhã enfim ensolarada as cinco e vinte e cinco da manhã, numa Paris que ainda dormia, as ultimas palavras de um homem que sonhou com a gloria, que viveu pelo progresso e que morreu pela paixão.   

Augusto Severo de Albuquerque Maranhão nasceu a 11 de janeiro de 1864, em Macaíba. Filho de uma importante família norte-rio-grandense fez carreira na política e a partir de 1893 até a sua morte em 1902, foi reeleito sucessivamente ao congresso nacional. Como tantos outros personagens, Augusto Severo poderia ter ficado na historia do nosso estado como mais uma figura política advinda de uma oligarquia poderosa, mas Augusto Severo estava destinado a mais.

Seu amor pela tecnologia o levaria longe, longe da sua terra, longe das suas economias, longe dos seus deveres. A sua vida foi dedicada a construir balões dirigíveis, a buscar como tantos outros no final deste século XIX e inicio do século XX evoluções tecnológicas que permitissem ao homem de domar o ar.

E nesta paixão pelo novo, pelo progresso, Augusto Severo deixou pela ultima vez sua terra potiguar no ano de 1901 para entrar na historia não somente do Brasil, mas também dos arquivos franceses, onde repousam hoje as ultimas impressões de figura tão brilhante.

Foi com uma emoção quase pueril que nos vimos a ler as primeiras frases, de um editorial na primeira pagina da edição do13 de maio de 1902 do Le Figaro escrito por George Boudon, onde emocionado ele descreve seu ultimo encontro com Augusto Severo no hangar construído especialmente para ele por M. Lachambre, na Rua De La Quintinie, dias antes da ultima e trágica tentativa de levar aos ares o Pax. Um homem com alma de criança, assim o descreveu, um homem enérgico e apaixonado, um homem que buscava a gloria, muito mais a gloria de um pais que a gloria pessoal.

A impressa francesa descreveu com horror e dor a catástrofe que tirou Paris dos seus sonhos tranqüilos naquela manha dos 12 de maio, raros foram os periódicos que não relataram ou falaram do assunto. Afinal, um acidente como este não acontece todos os dias, em plena Paris, em pleno coração do XIVeme arrondissement. Foi uma catástrofe que não somente saia do ordinário (afinal não é todos os dias que um balão explode nos ares e cai em plena Avenida do Maine), mas também pela perda humana, dois homens, dois pais de família, dois amigos, renderam as suas almas pelo bem da ciência, Severo e seu mecânico Sachet.

Não podemos esquecer que no meio cientifico, infelizmente, os erros também dirigem ao progresso, a morte de uns levam ao sucesso de outros como fatalmente disse em entrevista sobre o acidente, nesta mesma edição do Le Figaro, o coronel da aeronáutica francesa, M. Renaud:

(...) O que vocês querem? O progresso é um terrível comedor de homens. A conquista dos ares custara ainda muitas vidas humanas! (...)  

(Le Figaro, 13.05.1902)

E a vida humana que nos interessa aqui é a de Augusto Severo e a reação da imprensa francesa sobre a sua morte e o acidente. A frança foi neste inicio de século XX o centro das pesquisas e das evoluções tecnológicas do mundo, a exposição universal de 1889, e a construção da Torre Eiffel, ainda marcam com força as mentes do gênio francês na engenharia.  O êxodo de cientistas e engenheiros do mundo inteiro a cidade luz, contribuíam a dar esse ar de esperança e estimulo aos cientistas de todo o mundo.

Os jornais do inicio do século estão cheios de notas, artigos e historias sobre as tentativas de mudar o mundo através da engenharia. Outros casos, outros acidentes fizeram a primeira pagina dos jornais alguns anos antes, como o caso em 1898 da morte do Austríaco Woelfert, que tentou também, levar aos ares um balão dirigível movido a motor a combustão.  

A nossa pesquisa tem como objetivo em um primeiro tempo, coletar todos os artigos disponíveis que apareceram na imprensa sobre a catástrofe do Pax, como a morte de Augusto Severo foi relatada e como a sociedade parisiense via realmente o potiguar. Trata-se aqui de uma leitura que parte do ponto de vista francês, um olhar muitas vezes duro, onde a critica ganha espaço.

Pois, mesmo si neste primeiro artigo encontrado no Le Figaro, a emoção é clara, as pessoas entrevistadas não hesitam em condenar a falta de experiência de Severo. Muitos o criticam abertamente.

O compatriota Santos Dumont, entrevistado sobre o acidente declara que as razões possíveis do desastre são claras, afinal não esqueçamos que Severo colocava em pratica um sistema revolucionário na construção de dirigíveis, mas o motor a combustão e a utilização de um gás tão inflamável como o hidrogênio, acarreta a um risco de grande de explosão, mas que Santos Dumont mesmo não poderia se pronunciar mais sobre o assunto, pois dado as raízes comum dos dois cientistas ele preferiu se manter discreto durante a preparação  da experiência e assim evitar rumores na imprensa de inveja ou competição.

Ainda na mesma edição do Le Fígaro, em primeira pagina um segundo artigo, neste como em tantos outros jornais, os repórteres vão tentar entender o porquê, o porquê de uma morte tão cruel, e quem fora este homem, apaixonado ao ponto de se arruinar financeiramente e de arriscar a sua vida pelo bem da ciência.

Igualmente na edição do jornal Le Temps, onde o repórter, testemunha ocular do acidente, fala com emoção das ultimas palavras trocadas com Severo, dos seus últimos risos, do ultimo beijo trocado com a sua esposa, minutos antes que o terror se instale entre o reduzido grupo presente.

 Uma informação que nos trás a leitura das fontes francesas é sobre a quantidade de pessoas presentes na hora do acidente, contrariamente ao que se pensa, vários jornais atestam que dada à hora matinal do vôo (cinco da manha), só teriam estado presentes membros da família de Severo, amigos da comunidade brasileira repórteres e pessoas do meio da aeronáutica. Assim dito, a elite parisiense, grande apreciadora de Severo, foi ela acordada pela catástrofe, mas poucos foram aqueles que acordaram para ir vê-lo, no que Severo pensava ser o seu grande triunfo. 

A revista especializada “La Revue Scientifique no seu numero 21, datando do 21.05.1902, apos descrever o Paxminuciosamente e levantar varias hipóteses da causa técnica do acidente, termina o seu artigo de duas paginas por um parágrafo onde as magras experiências anteriores de Severo teriam sido a verdadeira causa humana de tão grande tragédia.

(...) O senhor Severo, teria feito no total, três ascensões livres em toda a sua vida. O que não é suficiente para manobrar uma aeronave. (...) A invenção vem de uma só vez, sem estudos sem experiências anteriores, como ficar surpreso com a derrota? (...)

(G. Espitallier, La Revue Scientifique, n. 21 – 24.05.1902) 

A catástrofe foi descrita em praticamente todos os jornais no dia seguinte à tragédia, os ricos arquivos da Biblioteca Nacional da França, nos inundam de fatos, entrevistas, perfis que descrevem mais o homem que a tragédia propriamente dita. Pela descrição dos jornais, nos podemos crer que Severo era figura conhecida e admirada em terras francesas.

Os artigos encontrados não se resumem aos três exemplos que nos apresentamos, artigos de igual importância foram dedicados em outros periódicos como; Le Journal dês Debats, Le Petit Parisien, Le Petit Journal, L’illustration, La Gazette AgricoleLa Croix entre outros. Mesmo o grande periódico americano The New York Times dedica uma serie de seis artigos sobre o acidente e sobre Severo.

Em todo caso, não podemos negar o impacto internacional da morte de Augusto Severo, não esqueçamos que o período ao qual viveu foi tempo das transformações, da evolução tecnológica, da ciência como motor das mudanças sociais. Severo gozava de uma ótima imagem no meio social francês, homem simples, apaixonado, dedicado. Os arquivos franceses têm nos mostrado que a perda humana do Pax causou emoções, mas nos mostram também que Severo foi muitas vezes julgado pela sua ingenuidade e pela falta de experiência.

Novas leituras e arquivos vão vir se unir a nossa pesquisa. Arquivos presente no Museu do Ar e do Espaço, no Ministério das Relações Exteriores, nos Arquivos Nacionais de Paris, assim como outros vão nos ajudar nesta empreitada de tentar reconstruir a imagem de Severo deixada na frança e vista pelos franceses, uma imagem talvez diferente daquela do Brasil, mas certamente uma imagem de um homem que viveu e morreu pela sua paixão.

                                                                                        Laura Ciarlini

                                                                            Mestranda em Relações Internacionais e Historia do Mundo Atlântico na Universidade de Nantes França "